A relação do senador com o deputado não é a mesma nos últimos meses, mas Lira atribui a lideranças governistas, em especial a Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), articulações que deram a Cunha a segurança que faltava.
Antes de o relator apresentar o parecer, Randolfe ameaçou orientar voto contrário caso a oposição tentasse colar a tributação ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A declaração não caiu bem para lideranças da Câmara, que já consideravam o assunto pacificado após acordo entre Lira e o Palácio do Planalto.
Quando soube da retirada do trecho do parecer, Lira não buscou Randolfe ou Jaques Wagner (PT-BA), mas sim o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que está na Itália. Quis saber se o governo era incapaz de cumprir o acordo selado na semana passada.
Senadores do PT disseram que não houve negociação com Cunha antes de ele apresentar o parecer. Lira não acreditou e disse a interlocutores que, até para o nível de trapalhadas da articulação política do governo, essa soaria exagerada pela ingenuidade ou incompetência.
A desconfiança de Lira o fez declarar que, sem a taxação no PL do Mover, o projeto corre o risco de ser engavetado caso volte à Câmara. Não quis deixar margem para o governo propor votar o trecho em separado.