O episódio foi o estopim de uma insatisfação de Lira com a atuação nos bastidores do Palácio do Planalto na eleição que definirá o próximo presidente da Câmara.
O voto e a orientação de Elmar Nascimento (União Brasil-BA) pela soltura de Chiquinho miravam a conquista de votos dos bolsonaristas na disputa. Elmar ganhou pontos com os aliados do ex-presidente.
Elmar, no entanto, foi vetado pelo presidente Lula, que autorizou a articulação do governo a trabalhar por alternativas. Foi exaustivamente noticiada a preferência do Palácio do Planalto por Antônio Brito (PSD-BA), mas o nome defendido por ser mais viável é o de Marcos Pereira (Republicanos-SP). Pereira sumiu e não participou da discussão, nem votou no caso Brazão.
O movimento do governo por Pereira foi detectado há meses por Lira. O deputado, no entanto, quis usar a votação do caso Brazão para demonstrar força. Se a Câmara decidisse libertar Brazão, mesmo a despeito da opinião pública, Elmar aumentaria seu favoritismo. Não foi o que ocorreu.
O ataque direto a Padilha, apesar das desavenças públicas, não é um recado somente a ele, é a tentativa de Lira reforçar que seu candidato é Elmar e acabou.
A leitura otimista de aliados de Lula é que Lira já vive o caso da perda da presidência da Câmara. Nas articulações pela sucessão do deputado, o governo já negocia o poder sobre emendas a partir de 2025. Mas há cautela, pois Lira ainda tem potencial de atrapalhar - e muito - os planos do Palácio do Planalto.