Em Conquista, Lúcia lidera as pesquisas de opinião e, por meio de declarações na imprensa, o MDB faz questão de valorizar esse passe. Depois de duas vitórias consecutivas do partido na cidade com Herzem Gusmão, o município deu demonstrações que preferia não ter o PT no poder. Com base nisso, os emedebistas insistem na tese que não há barganha e que a relação em Salvador não impacta no processo decisório conquistense.
Para quem conhece correlação de forças na política, a matemática é bem mais simples do que parece. Como as chances do PT vencer em Salvador eram pequenas, mais fácil investir em cidades como Conquista, por isso a insistência para que Waldenor não precise enfrentar alguém como Lúcia Rocha nas urnas. Ainda assim, as investidas vão continuar para que, na hora de partilhar o bolo, o MDB não fique com as migalhas - a vice, por exemplo, não contemplaria totalmente os desejos do partido e um naco grande da prefeitura (ou do governo) pode ser cedido para atingir o intento do acordo.
Isso sem levar em consideração do simbolismo que seria o retorno do PT ao poder em Conquista, principal cidade baiana governada pelo partido até aqui. O enfrentamento à prefeita Sheila Lemos é, na avaliação dos interlocutores, o menos difícil a ser feito. Lúcia Rocha é que seria o grande calo petista, razão pela qual os embates públicos e nos bastidores continuam a acontecer. Especialmente porque outros dois polos considerados importantes, Feira de Santana e Camaçari, os petistas largariam com maior confiança na vitória e a pacificação é mais tranquila.
Esse é o cenário para Vitória da Conquista. Já para a vaga do TCM, há interlocutores que garantem que Rangel está garantido, ainda que Fabrício Falcão (PCdoB) seja da base governista e tenha apresentado candidatura. O petista é deputado experimentado e segue sendo discreto no processo eleitoral que pode garantir um cargo vitalício a ele. Pesa contra ele exatamente o fato que dois petistas foram indicados recentemente para a Corte, Nelson Pelegrino e Aline Peixoto. É onde Fabrício ainda deposita confiança e até mesmo Marcelo Nilo, uma espécie de azarão da oposição, se fia para tentar chegar ao TCM.
É lógico que ninguém vai tratar publicamente sobre essas negociações de contrapartida. É algo que circula apenas nos meios mais influentes da política e que não estarão a olhos vistos do eleitorado, pois um mínimo de pudor permanece a existir em parte da política. O PT tem o direito de reivindicar esses espaços após deixar o caminho livre para a candidatura de Geraldo Jr. Só que não necessariamente vai ser fácil realizar todos os desejos.