Segundo seus interlocutores, foi menos porque perdeu a votação - algo esperado - e mais pelo número grandioso da derrota. O primeiro veto foi rejeitado por 378 votos na Câmara e 60 do Senado; e o segundo, com um número ainda maior: 410 deputados e 63 senadores.
Na última reunião ministerial do ano, no dia 20, Lula pretende cobrar explicações dos articuladores políticos no Congresso - além dos ministros Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Rui Costa (Casa Civil), dos líderes Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), José Guimarães (PT-CE) e Jaques Wagner (PT-BA).
O presidente anda incomodado com a dinâmica estabelecida no Congresso. Acha que há, como já informou muitas vezes o Bastidor, a apropriação indevida dos parlamentares do orçamento — as duas votações trataram de arrocho orçamentário, ao mesmo tempo que os deputados e senadores exigem mais e que o PT e integrantes do governo articulam mal com suas respectivas bancadas.
Lula quer deixar claro que os ministros só ocupam cargos para que garantam votação de suas bancadas no Congresso.
Segundo um interlocutor, o presidente chegou a admitir que o governo só ganha quando há coincidência de interesses com o Congresso e que “há zero capacidade” de negociação e articulação. Disse que as derrotas impactarão a reforma ministerial.