Há dez dias, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro revelou em sua colaboração premiada que Almir Garnier afirmou ao ex-presidente que apoiaria um eventual golpe militar.
A reação pública do Ministério da Defesa e das cúpulas das três Forças foi de que haveria interesse em que tudo fosse investigado, bem como fosse responsabilizado quem errou ao apoiar algum ensaio golpista de Bolsonaro. Nos bastidores, porém, é grande o receio do impacto dessas investigações sobre integrantes da ativa das Forças.
Na segunda-feira passada (25), conforme revelou o jornalista Octavio Guedes, o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues, reuniu-se com o ministro da Defesa, José Múcio, e os comandantes do Exército, Tomás Paiva, e da Aeronáutica, Marcelo Damasceno. O tema foi a CPMI do 8 de janeiro e eventuais convocações em virtude da delação de Cid.
Nessa conversa, Paiva expressou preocupação com a execração pública de generais, como o ex-comandante Militar do Planalto Gustavo Henrique Dutra de Menezes, que foi ofendido em seu depoimento pelo bolsonarista Jorge Seif.
Todos os presentes concordaram que havia elementos de sobra para que Almir Garnier fosse convocado a dar explicações, e que isso seria inevitável, até mesmo frente ao silêncio do almirante. Randolfe explicou, entretanto, que possivelmente nem Garnier seria convocado, diante da iminente desmobilização da CPMI. Apesar do discurso de transparência, a notícia foi bem recebida.