Os números não deveriam ser a única preocupação da direção da companhia. Uma informação que foi inserida num processo de demissão que envolveu um funcionário da empresa deveria inquietar os executivos. A reportagem teve acesso a ação, na qual o ex-diretor Ernani Pettinati narra um esquema de pagamentos irregulares de comissões em contas no exterior.
Segundo o ex-diretor, o esquema servia para subfaturar as vendas no exterior, de modo que fosse possível faturar um percentual a mais nas referidas contas. Esse percentual era pago a terceiros a título de comissão pelas vendas. Isso, no entanto, era apenas uma forma de burlar as auditorias da empresa e a Receita Federal. Os valores eram repassados para os executivos da Ferbasa, segundo Pettinati.
Assim, existiam duas comissões para uma mesma venda de produtos. Uma delas era verdadeira e a outra, com percentual menor, era falsa. Posteriormente esse valor era depositado nas contas da Suíça e, depois, transferido para empresas de fachada com sede em paraísos fiscais. A petição traz uma vasta documentação entre os anos de 1988 até 1995, como comprovantes de depósitos e contratos de corretagem. O atual presidente do Conselho da Administração Ferbasa, Sérgio Dória, na época trabalhava na área comercial e, segundo Pettinati, tinha total conhecimento dos fatos.
O processo, no entanto, não foi adiante. A Ferbasa fechou um acordo extrajudicial com o ex-diretor e o caso foi arquivado. Mas as revelações que ele fez ainda constam nos autos. O que os executivos e a Ferbasa fizeram diante da gravidade das informações ? Essa e outras perguntas ficaram sem respostas. Mas, diante da omissão de informações por parte da Ferbasa, órgãos de controle foram procurados para entender as possíveis irregularidades e punições por parte da empresa. Como se trata de uma S.A., a Ferbasa deveria ter transparência com os seus acionistas e investidores.